terça-feira, 10 de novembro de 2009

Paul Poiret

O primeiro estilista a abraçar o estilo Art Deco e disseminá-lo foi Paul Poiret. Com seu conhecimento em corte e costura, e seu lado criativo, ele conseguiu passar o espírito da época em peças revolucionárias.
Suas fontes de inspirações eram inúmeras, desde o estilo Western e folk, até a arte avant-garde e culturas antigas. Mas foi a simplicidade das roupas orientais que o levou a fazer as maiores mudanças na roupa moderna.

Ilustração de Paul Iribe

Em 1908 os móveis executivos foram modernizados e eram a última moda em Paris, com isso, Poiret criou uma coleção inspirada nos vestidos da linha Império. Estes vestidos de cintura alta, sem volumes, foram uma revolução, pois ao mesmo tempo que libertava as mulheres do espartilho, marcaram a passagem de uma roupa volumosa para a silhueta mais fina que seria usada na próxima década.
Esta coleção de Poiret foi imortalizada pelo ilustrador Paul Iribe no livro chamado Les robes (1908). Estes vestidos que misturavam bordados, motivos folks com florais estilizados e formas geométricas lançaram um novo estilo nas ilustrações de moda.

Um ano depois o Ballet Russo invade Paris e deixa o público estasiado com o figurino de Léon Bakst. Com uma estética oriental, muitas cores e movimento, o figurino abre as portas para novas experimentações dos artistas Art Deco. Paul Poiret não ficou de fora e criou o estilo "sultão", que vinha do vestido oriental mas com outros acessórios moderníssimos: calças amplas presas aos tornozelos usadas debaixo dos vestidos, mantos e turbantes cortados em luxuosos e exóticos tecidos.
Para promover estas novas peças, Poiret organizou festas oníricas com tema oriental para que as pessoas pudessem usar as roupas.

Túnica, Paul Poiret, c.1913

Esta nova modelagem usando técnicas de corte orientais levou Poiret a deixar de lado os vestidos pesados e cheios da Art Nouveau, passando para a linearidade da Art Deco. O manto de lã amarelo e preto criado em 1913 ilustra como o estilista consegue combinar com harmonia as cores do Fauvismo, a visão do Cubismo, e a característica dos trajes orientais.

Ao lado de Georges Lepape, foi lançado um segundo álbum de ilustrações divulgando outra coleção: "Les choses de Paul Poiret vues par Georges Lepape", que mostrava suas peças em um ambiente semelhante ao do Ballet Russo.

Também trabalhou junto ao departamento de moda do Wiener Werkstatte, em Viena onde fabricavam tecidos coloridos que eram usados por estilistas e arquitetos. Este trabalho em conjunto era para criar ambientes de viver mais harmoniosos. Esta parceria irá durar até o final da carreira de Poiret.

Casaco La Perse, Paul Poiret, estampa de Raoul Dufy, 1911.

Em Paris, Poiret funda o Atilier Martine, onde empregava garotas jovens para criarem bordados naive. Estas peças eram vendidas como papel de parede, tecidos, e cortinas. Ele também lançou a primeira loja de perfume e maquiagem relacionada a marca de roupas, uma galleria de arte, e uma oficina de impressão, onde contratou o pintou Raoul Dufy para desenhar as estampas.

Paul Poiret era o centro das atenções até que a guerra explode em 1914. Com essa interrupção ele não volta a trabalhar com tanto prestígio como antes, suas peças são criticadas por serem muito teatrais, e suas clientes vão aos poucos sendo atraídas pela simplicidade de uma nova moda. Perto de sua morte em 1944, a silhueta reta e solta que permeia suas criações estava prestes a ser substituída pelo novo look cinturado de Dior.

Fotografia de Peggy Guggenheim, por Man Ray, vestida de Paul Poiret, 1923.

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